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Notas Breves |
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23/08/2009 - 20:29 |
A estrela brilhante
H um forte simbolismo no recuo do senador Aloizio Mercadante, ao desistir de renunciar liderana do PT. O retrocesso no s dele, embora seja o principal alvo de desgaste. do prprio partido que lidera no Senado ocasionalmente, quando no vem determinao de "faa-se", emitida pelo Palcio do Planalto. Por extenso, o o atrs atinge a prtica poltica brasileira como um todo.
Foi o "faa-se" que atrapalhou Mercadante. Ele tentou no fazer, mas titubeou. E fez. Causou-lhe mal-estar a operao comandada pessoalmente pelo presidente Lula para salvar o ex-adversrio e agora fiel aliado eleitoral Jos Sarney, mantendo-o no comando do Senado.
Vrias vezes o senador petista tentou liberar os membros de sua bancada do compromisso sarneysista. Sempre que avanava nesse sentido era rechaado pelo Palcio do Planalto. Chegou a ser reprimido publicamente pelo ministro Jos Mcio (Relaes Institucionais), em nome do presidente Lula. Aceitou resignadamente essa situao, at anunciar em seu Twitter a hora em que discursaria no Senado anunciando a renncia "em carter irrevogvel". Mas no discursou e nem renunciou. Na prtica, preferiu revogar o irrevogvel.
O episdio mostrou posio questionvel da direo nacional. O presidente da sigla, Ricardo Berzoini, afirmou que o senador Mercadante no deveria renunciar e que a crise causada pela permanncia de Sarney frente da Alta Cmara tem ligao com a corrida eleitoral j em andamento visando eleio de 2010.
A desistncia de Mercadante em renunciar liderana petista expressa o pragmatismo eleitoral acima de princpios, segundo a leitura do mercado poltico. O comentrio corrente de que ele teria feito a seguinte avaliao: a crtica agora pode ser esquecida ou no levada em conta por grande parte do eleitorado no pleito de 2010. Assim, o prejuzo eleitoral seria menor do que "se queimar" com o presidente Lula e com o PT fatores que teoricamente dificultariam o desempenho nas urnas.
Presume-se que essa situao, por desdenhar de princpios ticos, fere os sentimentos dos petistas ditos autnticos. Deve estar causando inquietao de conscincia, com sofrimento poltico. Deve at estar atordoando os petistas fiis aos ideais que aliceraram a formao do partido. Porm, infelizmente, esses no esto hoje no comando da agremiao. Da o descarrilhamento.
Lamenta-se muito esse quadro. O Partido dos Trabalhadores no merece esse desgaste. Trata-se de uma jia da constelao partidria brasileira. Nasceu de propostas honestas e, nesse ponto, incomodou a muitos. O PT cresceu vencendo descrenas e at preconceitos. Durante muitos anos, enfrentou lutas desiguais, mas alcanou o mximo a Presidncia da Repblica.
O partido no precisa se reinventar para continuar vigoroso. No h necessidade de constranger sua ndole selando alianas com adversrios de ideologia refratria sua, e historicamente referenciados por m conduta tica e moral. Essa miscelnia faz mal no apenas ao PT, mas a todo o organismo poltico brasileiro.
Lula, que personificou a identidade petista na sua ascenso poltica pessoal, deveria estar sendo alertado sobre a inconvenincia de determinados caminhos. O vale-tudo pode ser temerrio.
Hoje a estrela do presidente parece ofuscar a do seu prprio partido, mas o projeto eleitoral que ele est comandando rumo a 2010 no deve se distanciar do zelo tradio do PT e aos princpios sadios da prtica poltica na democracia.
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