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24/08/2009 - 17:50
Brenco- O que deu errado
Foto: Lia Lubambo
Portal Exame de 20.08.2009
 Planta
Plantao da Brenco, em Gois: a empresa foi posta venda antes de produzir um nico litro de lco

A Brenco, empresa que seria a sensao global do etanol, ainda no produziu 1 litro de lcool, mas j torrou 700 milhes de reais e procura um "scio" para sobreviver. 234k53

Estamos nas ltimas semanas de 2008 e Henri Phillipe Reichstul, executivo que se tornou conhecido por presidir a Petrobras durante o governo Fernando Henrique Cardoso, se espreme na poltrona de um Lear Jet fretado pela Brenco, companhia de etanol e energia renovvel que ainda est em fase de implantao. Na viagem de So Paulo at a cidade goiana de Mineiros, Reichstul, animado, recita nmeros e projees sobre as perspectivas do etanol brasileiro no mercado nacional e no exterior para demonstrar que h espao para uma companhia surgida do zero com altos padres de sustentabilidade, tamanho e prticas de multinacional. No campo, mesmo sem muita intimidade com os ps de cana, Reichstul circula feliz. Rememorada nas primeiras semanas de agosto, a viagem, acompanhada por EXAME, parece uma epifania. O dia a dia do presidente da Brenco se transformou numa barafunda de reunies e cobranas de acionistas, fornecedores, subordinados e bancos. Criada em maro de 2007 por iniciativa do prprio Reichstul e de investidores-celebridade, como o indiano Vinod Khosla, da Sun Microsystems, e Steve Case, fundador da AOL, a companhia que prometia uma "revoluo" nos canaviais brasileiros se perdeu em meio falta de controles e a uma conduo vacilante. Problemas que, sozinhos, j seriam suficientes para abalar qualquer companhia. Mas que, num contexto de crise financeira generalizada, revelaram-se crticos.

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Diante dessas dificuldades, bastaram apenas oito meses para que a Brenco migrasse do otimismo ao caos. Hoje, no 8o andar do prdio que a empresa ocupa na regio da avenida Faria Lima, endereo comercial nobre de So Paulo, os executivos dividem espao com os consultores da Angra Partners e da Accenture, empresas que esto ali para organizar um banco de dados operacionais da Brenco e, assim, subsidiar as decises dos candidatos a compr-la. Angra e Accenture foram contratadas em julho por exigncia dos acionistas. Um ms antes, eles haviam feito um aporte de 10 milhes de reais na Brenco, em carter emergencial, quando o caixa j no conseguia cobrir despesas bsicas da operao. O plano inicial de Reichstul e de seus executivos era construir, at 2015, dez usinas de etanol com capacidade de gerar energia com bagao de cana. A regio escolhida, o Centro-Oeste, parecia ideal pelo alto grau de produtividade do solo, por ser economicamente decadente (e, portanto, ter terras baratas, onde at ento s havia pasto degradado) e por servir perfeitamente ao modelo de negcios sustentvel que faria o diferencial da empresa. Afinal, ao instalar-se ali, a Brenco estaria explorando uma nova fronteira sem ter de derrubar reas verdes. Quando a companhia comeou a se apresentar a fornecedores e investidores, foi saudada como alternativa promissora e moderna. Hoje, a nica soluo vivel para o projeto a entrada de um novo scio. J existe um data room disponvel aos interessados e um plano de capitalizao para a empresa estimado em 530 milhes de reais, que sero captados com financiamentos e com a emisso de debntures.

Ao descrever a trajetria da Brenco, os 15 executivos, advogados e consultores entrevistados por EXAME foram unnimes: o projeto era timo, mas a execuo foi conturbada. Em linhas gerais, havia permissividade com os custos e demora diante dos problemas que se apresentavam. "Embora em algumas reas houvesse um pouco mais de controle, em outras no havia nem uma msera planilha de Excel", diz um executivo ligado empresa. Durante meses, a direo ficou esperando a chegada do SAP (sistema de controle de oramento) e perdeu o p da operao. Plantadores foram contratados em excesso e a rea cultivada no era suficiente para compensar os investimentos iniciais. Resultado: o custo de implantao de 1 hectare de cana, que havia sido estimado em 4 000 reais, ultraou a barreira dos 5 500 reais. A falta de controle se agravou com a demora na liberao dos recursos do BNDES, responsvel por quase 70% do oramento de 1,8 bilho de reais para a construo das quatro primeiras usinas -- o banco tambm se tornou scio, com 20% do capital da Brenco. A maior parte dos rees estava a cargo de bancos readores do BNDES que, com a chegada da crise econmica, atrasaram a do contrato. O dinheiro s comeou a ser liberado em fevereiro deste ano, seis meses depois de o financiamento ser acordado. "Num projeto em que os custos e prazos eram muito apertados, ficou difcil segurar os contratos com os fornecedores", diz um ex-gerente da Brenco.

O segundo erro, que decorreu do primeiro, foi a deciso dos executivos de manter, a todo custo, o ritmo do projeto. At agora, foram gastos 700 milhes de reais -- e um pedao considervel disso foi financiado com emprstimos de curto prazo, o que aumentou o endividamento da empresa e a deixou numa situao de fragilidade. Dos 230 milhes de reais de estouro no oramento, 50 milhes so de juros resultantes desses emprstimos. Outros 80 milhes so consequncia de problemas de gesto, como falta de cronogramas e atraso no corte de funcionrios; e o restante, de 100 milhes de reais, a dvida da empresa com fornecedores. Em junho, a situao financeira ficou to complicada que faltou cimento para as obras das usinas. A Dedini, que fornece equipamentos s usinas, chegou a retirar seus funcionrios das instalaes da Brenco e as obras ficaram paradas durante todo o ms de julho. Na fila de credores, h ainda o grupo Andrela, responsvel pela preparao das terras para cultivo, que entrou em recuperao judicial por causa dos atrasos no pagamento e agora pede na Justia o ressarcimento de 97 milhes de reais.

Diante do quadro catico, os acionistas concordaram em fazer um novo aporte financeiro, mas exigiram um programa de reestruturao. Alm da contratao de consultorias, houve corte no nmero de funcionrios da sede -- entre eles, sete executivos da diretoria -- e cerca de 200 trabalhadores foram demitidos da usina em Mineiros. O esforo, comandado pelo BNDES e pelos fundos de investidores Ashmore, com sede na Inglaterra, e Tarpon, no Brasil, tem como objetivo cobrir os 230 milhes de reais de estouro no oramento e garantir a construo da primeira usina at outubro. Juntos, os trs sero responsveis por 68% dos desembolsos dos acionistas na nova rodada de capitalizao. Situao que causou ainda mais mal-estar entre os acionistas e o comando da empresa, j que os executivos com participao acionria colocaram pouco ou nada do que lhes cabia na nova capitalizao. Os problemas envolvendo a diretoria da Brenco arranharam especialmente a imagem de Philippe Reichstul, que est no comando do projeto desde o incio. Quem convive com o executivo sabe que est em jogo, alm de sua reputao, boa parte de seu patrimnio. O diagnstico predominante, inclusive dos amigos mais prximos, que Reichstul teve dificuldade em tomar decises. No realizou cortes no oramento quando foi necessrio, no redimensionou a operao de plantio e demorou a demitir pessoas quando o dinheiro parou de chegar. (Procurado, Reichstul no quis dar entrevista.)

A meta de tornar a Brenco a multinacional do lcool, capaz de fornecer 10% do etanol consumido no mundo, parece agora um sonho -- e daqueles bem distantes. Os executivos envolvidos no projeto se concentram agora em garantir a construo das primeiras quatro usinas e fazer com que a empresa comece a gerar receita o mais rpido possvel. A ideia de construir dez usinas dificilmente sair do papel. "O projeto como foi concebido no vai mais acontecer", diz um executivo ligado a uma das empresas que avaliam comprar a Brenco. At agora j se apresentaram como interessados a Petrobras, a ETH (do grupo Odebrecht), a britnica BP, a Companhia Nacional de Acar e lcool e a sa Total. Mas somente a Petrobras e a ETH avanaram nas negociaes. O mais provvel que alguma dessas companhias "engula" a Brenco e que, no mdio prazo, a marca simplesmente deixe de existir. Hoje, a maioria dos investidores j reconhece que muito pequena a chance de recuperar o dinheiro investido. O que eles querem vender a companhia por um preo bom, algo que no ser to simples. Com a crise, tanto o preo do petrleo como o do etanol caram muito e, at agora, a empresa ainda no produziu sequer uma gota de lcool. O incensado projeto da Brenco desmoronou antes mesmo de comear.

Malu Gaspar e Renata Agostini






› Comentrios
Francisco Paulo em 26/08/2009 18:35
tima matria, parabns para vocs, j que esto na area de pesquisas porque no analisar as guas das regies onde esto esses plantio de cana, fazer um anlise agora e daqui uns cincos anos fazer outro pra ver a diferena no grau de comtaminao . Abrao.
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