O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, disse em depoimento Polcia Federal (PF) no inqurito do golpe que foi pressionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e por deputados do partido a entrar com ao no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para questionar o resultado do segundo turno das eleies de 2022. “Nunca foi apresentado nada consistente”, reconheceu o poltico.
Valdemar foi ouvido no dia 22 de fevereiro, mas s agora o ministro Alexandre de Moraes, relator da investigao no Supremo Tribunal Federal (STF), levantou o sigilo do depoimento.
Aps a derrota de Bolsonaro, o PL pediu a anulao dos votos de 279,3 mil urnas eletrnicas alegando que houve “mau funcionamento” do sistema. O partido foi multado pelo TSE em R$ 22,9 milhes por “m-f”.
Segundo Valdemar, a presso para dar entrada no processo teve incio aps o vazamento do relatrio produzido pelo Instituto Voto Legal, contratado pelo partido para “fiscalizar o andamento das eleies”. O documento apontou supostos problemas nos modelos de urna lanados antes de 2020, que tm um nmero de srie nico.
“Indagado se o ento presidente Jair Bolsonaro insistiu com o declarante para ajuizar ao no TSE questionando o resultado das urnas eletrnicas, respondeu que quando houve o vazamento do relatrio do IVL, os deputados do Partido Liberal e ento presidente Bolsonaro o pressionaram para ajuizar tal ao no TSE”, diz um trecho do termo de depoimento.
O Instituto Voto Legal foi indicado ao PL pelo senador Marcos Pontes (PL-SP), na poca ministro da Cincia, e recebeu R$ 1 milho do partido.
Valdemar tambm isentou o Republicanos e o Progressistas, que faziam parte da coligao com o PL nas eleies. Ele afirmou que os partidos no chegaram a ser consultados sobre a ao no TSE e no deram autorizao para a iniciativa.
Os investigadores tambm questionaram o motivo das visitas feitas por Valdemar a Bolsonaro na reta final do governo. A PF acredita que reunies tenham sido convocadas pelo ento presidente para articular um plano golpista com oficiais das Foras Armadas. O presidente do PL esteve pelo menos sete vezes no Palcio do Alvorada aps a derrota no segundo turno, conforme registros de o residncia oficial.
Valdemar afirmou que foi checar o “estado de esprito” de Bolsonaro e que as visitas “eram sempre para tentar animar o presidente, que estava muito abatido”. “No havia fluxo de pessoas, o presidente quase no conversava com ningum e o clima era de luto”, narrou. Ele negou ter tomado conhecimento ou participado de reunies golpistas.
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